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Indústria obrigou condutores a gastos acrescidos

A Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E) analisou os custos resultantes da diferença entre os valores dos testes de eficiência de combustível anunciados e os reais, concluindo que o combustível adicional queimado custou aos condutores de toda a Europa um extra de 149,6 mil milhões de euros nos últimos 18 anos (2000-2017). Isto assumindo que o intervalo entre as emissões reais e as medidas em laboratório permaneceu constante em 9%, tal como testado em 2000.

“Desde o ano 2000, a manipulação dos testes de emissão de dióxido de carbono (CO2) foi responsável por uma emissão adicional de 264 milhões de toneladas, um pouco mais que as emissões anuais de CO2 da Holanda e praticamente o mesmo que as emissões de Portugal num período de quatro anos”, refere a associação ZERO que integra este organismo T&E.

Neste estudo, os condutores alemães lideram o ranking, com 36 mil milhões de euros desperdiçados desde o ano 2000, seguidos pelos condutores britânicos com 24,1 mil milhões de euros, franceses (20,5 mil milhões de euros), italianos (16,4 mil milhões de euros) e espanhóis (12 mil milhões de euros).

O que foi pago a mais pelos condutores portugueses desde o ano 2000 atinge 1,6 mil milhões de euros e é superior aos gastos totais das famílias portuguesas durante um ano em educação.

ndústria automóvel obrigou a gastos acrescidos de 1,6 mil milhões de euros pelos condutores portugueses desde o ano 2000, de acordo com as contas da T&E

A diferença entre o desempenho de consumo de combustível no teste e na realidade saltou de 9% em 2000 para 42% em 2016, elucidam a T&E e a ZERO, “principalmente através de fabricantes de automóveis que, manipulando o teste de laboratório e também através de tecnologias incorporadas nos automóveis (como o start-stop) que proporcionam economias muito maiores em laboratório do que em estrada”.

Francisco Ferreira, Presidente da Associação ZERO, entende que “é fundamental haver um enorme esforço de transparência e credibilização dos dados das emissões e metas do setor automóvel, responsável em Portugal por praticamente um quarto do total das emissões de gases com efeito de estufa, se quisermos efetivamente trabalhar para atingirmos em 2050 a neutralidade carbónica em Portugal e desejavelmente também na Europa”.

WLTP também tem problemas

A indústria automóvel e a Comissão Europeia alegam que o novo teste de laboratório (WLTP) corrigirá os problemas. Porém, uma análise recente da T&E, apoiada por um estudo do Joint Research Centre, uma instituição da própria Comissão Europeia, mostra que o teste simplesmente introduz novas lacunas.

“Ao inflacionar os resultados dos testes WLTP em pelo menos 10 g/km, a indústria automóvel pode facilmente atingir a redução de 15% nas emissões de CO2 proposta pela Comissão Europeia até 2025, à medida que o rigor da meta é reduzido em pelo menos metade”, denunciam os ambientalistas.

“Estão disponíveis correções eficazes para interromper esta situação, como a introdução de um teste real ou o uso de dados de medidores de consumo de combustível. A análise da T&E mostra que estes evitariam um adicional de 108 milhões de toneladas de CO2 equivalente até 2030 e poupariam aos motoristas 54 mil milhões de euros na redução de pagamentos de combustível em comparação com a atual proposta da Comissão”, afirma a T&E.

Artigo em colaboração com