Auto Drive

E se o seu carro fosse um dispositivo Android?

Ford Mustang Mach-e

Com o Android Automotive isso já é possível. Este é um sistema operativo completo responsável por tudo o que acontece no carro – desde o momento em que o ligamos, passando pelo uso de ar condicionado ou a utilização de aplicações como o Spotify ou o Google Maps. Essa é, aliás, a grande diferença em relação ao Android Auto: um sistema que precisa de um smartphone Android para funcionar e não tem acesso às funções do carro, controlando apenas as aplicações em execução no telefone; é uma aplicação para replicar o ecrã do dispositivo Android no dashboard do veículo. Enquanto isso, o Android Automotive funciona como uma espécie de smartphone de quatro rodas.

Para esclarecê-lo melhor, faço a seguinte comparação: este sistema é praticamente aquilo que o Windows é para um PC. Ao invés de funcionar num telemóvel, tablet ou mesmo numa TV, apresenta-se num veículo, mas não pode ser instalado por condutores: a única maneira de obtê-lo passa por comprar um carro novo que tenha o sistema operativo pré-carregado. A Google, responsável pelo sistema, está a realizar parcerias com fabricantes de automóveis, ao pré-instalar o Android Automotive nas suas unidades principais, diretamente da fábrica.

O primeiro veículo a suportar o Android Automotive foi o Polestar 2, seguindo-se o Volvo XC40 Recharge. Mas o mercado está a crescer: a Google já fez acordos para a expansão para outras marcas como a Ford, A General Motors e a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi. Recentemente, a Honda anunciou que também irá adotar a plataforma a partir do próximo ano.

Os utilizadores deverão interagir com o Android Automotive através de um ecrã tátil, tipicamente colocado no centro do tablier – os fabricantes terão uma certa liberdade de escolha para definirem um local diferente – onde poderão consultar as aplicações do sistema de infoentretenimento do carro.

A segurança do condutor é outra das vantagens do Android Automotive. O áudio será o principal conteúdo a ser consumido, como por exemplo através das chamadas Media Apps. Além disso, o sistema consegue identificar se o carro está em movimento. Será ainda disponibilizado o acesso a várias informações do veículo – tal como consumos, pressão de pneus ou velocidade – o que faz a imaginação e a inovação ganharem espaço; esta opção pela interação áudio é importante, pois a distração com ecrãs já foi sinalizado pelas entidades e seguradores como sendo responsável por uma significativa percentagem dos acidentes e é uma tendência em crescimento.

No ponto de vista de desenvolvimento de software, encontramos mais uma vantagem: o stock tecnológico Android que conhecemos pode ser utilizado, tornando possível utilizar tudo o que o ecossistema oferece tanto em Java como em Kotlin. E, se quisermos, podemos ainda usar Xamarin Android. As possibilidades de migrar apps já existentes são de facto uma mais-valia e algo que o mercado de desenvolvimento não vai ignorar.

Para além do Android standard que conhecemos, temos também ao nosso dispor a Car UI Library – uma framework de UI – interface de utilizador que nos permite ter elementos gráficos específicos para a utilização de um ecrã num carro, e consistente com todo o resto de UI do Android Automotive. Não ignorando que diferentes fabricantes possam ter variantes gráficas, a Car UI Library também nos ajuda neste ponto. É a nossa garantia que uma App funciona e respeita a utilização e as normas gráficas, mantendo consistência no ambiente de Apps.

Google já no terreno, mas “Stores” que disponibilizam o sistema vão aumentar

Como estamos a falar de Android, não podemos ignorar um ponto importante: Que App Store vamos poder usar? É aqui que entramos no tema “Google”, que já tem uma Store do Android Automotive, mas mantém algumas restrições no tipo de aplicações. O foco são as Media Apps, mas a pressão de outro tipo de aplicações como o pagamento de parques ou serviços de assistência em viagem vão definitivamente abrir as portas a outras vertentes aplicacionais.

No mercado automóvel, onde a competição é algo natural e expectável, diferentes fabricantes podem querer diferentes Stores com diferentes normas. No entanto, e uma vez que falamos de Android, acredito que irão continuar a ser usadas as mesmas App’s, mesmo em Stores diferentes, desde que tenham Android Automotive.

A grande dificuldade vai passar não só pela adoção, mas também pela comunicação do produto. Toda a comunicação passa por “Google built in”, mas nada impede um fabricante de querer usar o Android Automotive e não se associar ou utilizar serviços da Google. Porque no fim do dia, e vendo o exemplo da Huawei, o Android não é Google e a Google não é Android. Android é open source o e Android Automotive também o será. Esperemos que esta liberdade possa, num futuro não muito distante, colocar um Android em cada carro…

José Lourenço
Android Automotive Applications Expert – DXspark

Vencer o contrarrelógio

Artigo teleperitagem

A teleperitagem, com fotos e vídeo, está já a ser usada para avaliar danos de sinistros de viação, avarias mecânicas e verificar se uma reparação foi bem executada, ao abrigo de uma garantia. Tudo à distância. Os ganhos de tempo e eficácia vão levar a que esta solução remota tenha tendência a ser escolha de mais seguradoras, oficinas e gestoras de frotas. A Dekra explicou-nos em exclusivo como tudo funciona.

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Porsche 911 993 Turbo

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Curvar em subviragem de potência

A atitude natural do Yaris GRMN a curvar depressa é a subviragem de potência. A foto de abertura mostra a altura em que o apoio já está estabilizado e usamos o suplemento de tração oferecido pelo diferencial autoblocante para neutralizar a atitude e transferir (por ação da aceleração) peso para o eixo traseiro; é possível ver que os pneus exteriores dianteiro e traseiro estão quase com o mesmo ângulo de deriva.

Pelo contrário, na entrada em curva, a segunda foto da galeria, é possível ver o pneu dianteiro exterior em esforço extremo, quase parecendo que a jante vai bater no chão. Porém, a afinação do chassis e o autoblocante permitem manter uma subviragem de potência, que vai aliviar a carga sobre a frente exterior e ajudar a distribuir o esforço de curvar mais pelas quatro rodas e, em última análise, elevar a aderência total disponível. Essa transição é visível na terceira foto da galeria.