A história do recorde do Citroën SM em Bonneville

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O modelo atingiu os 325 km/h no deserto de sal em 1987.

Na sequência do evento que marcou o encerramento das comemorações do centenário da Citroën, fomos convidados pela marca francesa a conduzir um dos automóveis que mais marcou a sua história, o Citroën SM — pode ficar a conhecer as impressões na edição #27 da autoDRIVE.

Amplamente reconhecido como um veículo muito à frente do seu tempo, o SM apresentava-se como um compêndio de inovações tecnológicas tornando-o uma referência no que concerne ao equilíbrio entre performance e conforto. Assim sendo, a base deste Citroën tinha um enorme potencial por explorar e uma das pessoas a aperceber-se disso foi Jerry Hathaway.

Responsável pelo departamento das suspensões num concessionário da Buick em Los Angeles, Hathaway travou conhecimento com os modelos da Citroën no momento em que o concessionário onde trabalhava decidiu adicionar os automóveis da marca francesa ao seu catálogo. O técnico de suspensões ficou imediatamente intrigado com a complexidade dos Citroën e resolveu começar a trabalhar em “part-time” com alguns dos representantes e concessionários da marca nos Estados Unidos da América. Progressivamente, a partir da segunda metade da década de 70, Hathaway foi-se especializando em modelos da Citroën ao ponto de adquirir o seu próprio franchise.

Até que, certo dia, um cliente que corria no deserto de sal de Bonneville, chamado Jon McKibben, comprou um Citroën SM e comentou com Hathaway que era um carro com uma boa forma para tentar quebrar um recorde de velocidade. A ideia ficou na cabeça de Jerry Hathaway, que sempre teve o desejo de participar em corridas de drag mas nunca tinha tido o tempo ou os meios financeiros para o concretizar. E o sonho cresceu. Em 1978, a partir de um Citroën SM danificado por um acidente que era utilizado como uma fonte de peças, Hathaway pegou no que restava, restaurou-o e colocou-lhe uma versão biturbo do motor original desenvolvido pela Maserati.

Hathaway prometeu a si mesmo que alcançaria os 320 km/h no SM reconstruído por si no decorrer da década seguinte. Depois de várias tentativas, nas quais as condições climáticas prejudicaram a prestação do seu Citroën, em 1985 o feito foi atingido. Ainda assim, com a suspeita de que o pneu do lado direito traseiro tinha furado enquanto corria, o americano levantou o pé, mas a história já estava escrita e o objetivo alcançado; dito e cumprido, o SM tinha mesmo conseguido marcar os 320 km/h. Ciente de que possuía o potencial para dilatar a sua marca, Hathaway regressou a Bonneville em 1987 com a sua mulher Sylvia e colocou-a ao volante. O SM voltou a elevar de novo o recorde da sua classe, marcando 325 km/h, um feito histórico.

Pelo meio, alguém roubou a pick-up que tinha rebocado o Citroën SM para a prova. O casal Hathaway achou simbólico e, através de todo o conhecimento adquirido na preparação do automóvel, decidiu pegar num outro Citroën SM, transformando-o num reboque para o veículo detentor do recorde, tarefa que demorou dez anos.

Foi desta forma que Jerry Hathaway se tornou o orgulhoso possuidor de dois Citroën SM únicos no mundo, o recordista e a extremamente original versão pick-up que lhe permite passear e mostrar ambos em vários eventos automóveis.

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