Renting aguentou melhor “travagem” da pandemia

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Em 2020, o renting manteve o seu peso no mercado nacional, com uma quebra menor do que as perdas assinaladas na venda de veículos novos.

A crise provocada pela pandemia da COVID-19 atingiu o setor automóvel, com o mercado nacional a cair em termos globais 33,9% e o segmento dos ligeiros de passageiros a acusar uma variação negativa de 35% (dados da ACAP – Associação Automóvel de Portugal).

Contudo, quando se observam os dados apurados pela Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF) conclui-se que o financiamento por renting (ou Aluguer Operacional de Viaturas) resistiu melhor à profunda travagem económica provocada pela pandemia.

Apesar dos resultados apresentados pela ALF para o setor do renting revelarem igualmente uma quebra na trajetória de crescimento observada nos últimos anos (com uma redução de 27,5% no número de viaturas adquiridas em 2020, face a 2019), este recuo no setor é, todavia, menor do que o manifestado pelo mercado automóvel português.

São menos 6,4 pontos percentuais (p.p.) quando olhamos para o mercado automóvel global e menos 7,5 p.p. se nos fixarmos nos ligeiros de passageiros.

Estes dados mostram que, apesar de tudo, a modalidade do renting, muito enraizada nas empresas, mostrou uma maior resiliência do que o próprio mercado automóvel no seu todo.

Apesar de um ano 2020 atípico por causa da pandemia, o financiamento especializado manteve, deste modo, o seu peso no mercado nacional, continuando a assegurar um contributo decisivo para a formação do PIB português.

27.115 veículos através de renting

Segundo os dados estimados pela ALF, no ano passado em Portugal foram adquiridos um total de 27.115 veículos através de renting (dos quais 22.451 corresponderam a automóveis ligeiros de passageiros e 4.664 foram referentes a comerciais ligeiros).

Considerando que se matricularam no nosso país de janeiro a dezembro de 2020 um total de 145.417 veículos ligeiros de passageiros, o peso do renting poderá ter rondado os 15%. Em 2019, essa valor foi de 13,5%.

Em termos de ligeiros de mercadorias, dos quais se venderam, nos doze meses de 2020, 27.578 unidades, o peso do renting terá rondado os 17%. Em 2019, a “quota” nos comerciais ligeiros foi de 18%.

“A dimensão total deste setor acabou por diminuir apenas marginalmente face à produção nova, com a frota total gerida pelas empresas de renting a contrair apenas 2,4% em número de viaturas, totalizando 118.805 viaturas, no valor de 1,91 mil milhões de euros (menos 1,1% do que no ano 2019), resultados para os quais contribuíram o prolongamento dos contratos que terminavam em 2020”, adianta a ALF.

Os responsáveis da associação explicam que a desaceleração no renting que foi sentida corresponde a uma diminuição de 26,8% no valor de produção anual, para 557,3 milhões de euros (comparativamente a 2019 em que ascendeu a 761,4 milhões de euros).

Em 2020 e ainda de acordo com as estimativas da ALF, o leasing, por seu lado, apoiou investimentos de 2,4 mil milhões de euros, com uma queda de 22,3% no total da produção, em comparação com 2019.

Esperança na recuperação económica

“Apesar das quebras observadas, o financiamento especializado demonstrou manter o seu peso na economia portuguesa e importância para o tecido empresarial, continuando a disponibilizar o seu apoio e até reforçar a sua importância, como no caso do Factoring que assume um peso preponderante face ao PIB nacional, e do renting no setor da mobilidade automóvel”, refere o Presidente da ALF.

Alexandre Santos destaca ainda que 2021 começa “com a esperança de que a existência de planos sanitários e de recuperação económica possam contribuir para alguma recuperação”, mas para o responsável da associação “nada se produzirá de forma automática e cada um terá de contribuir à medida das suas possibilidades para um processo de regresso ao crescimento económico, que não estará isento de contrariedades”.

O porta-voz da ALF destaca o facto dos setores representados pela sua associação serem responsáveis “por injetar confiança no mercado e contribuir enquanto agentes de transformação positiva”.

Na sua perspetiva, “sem uma recuperação do mercado não se alcançarão objetivos como a renovação do parque automóvel com vista à redução de emissões de CO2, para o qual o renting e leasing muito têm contribuído com um crescente número de matrículas de elétricos ou propulsionados por energias alternativas”.

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