Aston Martin está determinada em manter caixas manuais

Aston Martin Valour

Modelos com três pedais poderão ter continuidade garantida através de edições de produção limitada, como o Valour.

A Aston Martin quer manter a caixa manual disponível nas suas fileiras. Em entrevista à Top Gear, Mark Reichman, o responsável criativo da marca britânica, mostrou-se particularmente entusiasmado com a recetividade que o Valour recebeu – uma edição comemorativa dos 110 anos da Aston Martin, limitada a 110 unidades, lançada em 2023 -, a qual chegou inclusivamente a receber um prémio. “Já temos pessoas a pedir se vamos fazer mais dois ou três”, diz o gestor. No entender de Reichman existe uma tendência para o “old school”, com tração traseira, mais colados à estrada, com linhas agressivas, som “gutural” e caixa manual, uma espécie de retrofuturismo, que exemplares únicos como o Victor também serviram para “alimentar”, de certa forma. A verdade é que a procura supera largamente a oferta, no que diz respeito a este tipo de produtos.

Outro aspeto importante é o prazer de condução que uma caixa manual proporciona, algo muito evidente no Valour, segundo o responsável de performance Simon Newton. “O carro é um carro de competição, cujos fundamentos são todos os ingredientes primordiais que nos atraem. Um punho da caixa para manusear, todo aquele binário, uma distância entre eixos curta e, mais importante, um diferencial autoblocante mecânico que dá vida ao carro à maneira antiga. É muito potente. Não é infinitamente ajustável como os diferenciais que tornámos deliberadamente perfeitos modelos mais modernos, mas é intrínseco à experiência de condução retro. Mas não é incómodo.” Ainda sobre o Valour, um modelo com motor V12 5.2 biturbo a debitar 715 cv e 753 Nm, este responsável refere que “muitas vezes, as transmissões que se esperam para esta quantidade de binário têm embraiagens muito pesadas, mas não é o caso desta. E também não é uma dog-leg. Por vezes, isso é um pré-requisito para cumprir os requisitos de binário. Não que isso não tenha o seu próprio atrativo, mas queríamos algo que não fosse incómodo e desajustado para o dia a dia.”

Isto tudo para dizer que, apesar de a Aston Martin já ter “matado” a caixa manual, nos seus modelos mais mundanos, a verdade é que há margem para que esta sobreviva em projetos especiais, de produção limitada. “Se a tendência for nesse sentido, será um prazer continuar a desenvolver caixas manuais”, diz Newton. “É uma dimensão à parte – não podemos ser um simples passageiro no carro. Estamos ligados ao ato da condução a toda a hora. Sempre gostei de caixas manuais sobretudo em curvas lentas. Podemos chutar a embraiagem e brincar com a caixa, e isso é muito divertido”, complementa.

Nesse sentido Reichman concorda afirmando que “mesmo num mundo que se tornou eletrificado e com caixas automáticas, há pessoas que querem algo diferente. É a mesma coisa com os relógios mecânicos e os Apple watch. Há sempre alguém que prefere o analógico mesmo quando está disponível o digital. Acho que a essa é a beleza do Valour, é uma verdadeira experiência analógica”.

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