BMW e Audi poderão estar a disputar compra da McLaren

McLaren Artura

Bávaros querem criar uma divisão de supercarros e a marca dos quatro anéis vê nos britânicos uma entrada na Fórmula 1.

A McLaren, conhecido pelo fabrico de supercarros e pela sua equipa de Fórmula 1 (que teve sucesso nos anos 1980 e 1990), poderá ser um alvo da BMW e da Audi. Segundo a Automobilwoche, a BMW poderá querer aumentar o seu portefólio, onde já consta a Mini e a Rolls-Royce, com uma nova divisão dedicada à produção de supercarros. Recorde-se que o catálogo atual da marca de Woking inclui o Senna, 765LT e passará a contar em breve com o híbrido Artura (na imagem). Já a Audi, recentemente retirada do DTM e da Fórmula E, está apenas interessada na equipa de F1 da McLaren, numa altura em que os rumores que o emblema de Ingolstadt e a Porsche (que poderá vir a emparelhar com a Red Bull) quererem entrar na competição automóvel mais mediática do mundo ganha cada vez mais força. Jörg Astalosch, que já passou pela Italdesign e amigo do já falecido Ferdinand Piech, é o porta-voz incumbido das conversações da Audi com a McLaren. A mudança de regras na competição em 2026 é o grande chamariz para a entrada do grupo VW na F1, gerida por Stefano Domenicali (antigo CEO da Lamborghini). Aliás, a Autocar avança mesmo que a Audi já avançou mesmo com a compra da McLaren. A marca inglesa já negou esta informação, entretanto.

Neste momento, devido às dificuldades financeiras, a McLaren é um alvo vulnerável. Devido à pandemia de Covid-19, a divisão de automóveis da marca britânica registou perdas operacionais de 261 milhões de euros em 2020, contrastando largamente com os 107 milhões de lucro alcançados em 2019. A quebra de vendas de 64% para apenas 1659 unidades no ano passado explica em boa medida estes resultados. Aliás, devido a esses números, a McLaren já teve de despedir em maio do ano passado 1200 pessoas, o equivalente a um quarto dos seus funcionários. Além disso, o grupo está neste momento num processo de refinanciamento, que inclui a venda da sede, com empréstimo de 175 milhões de euros e a emissão de 644 milhões de euros de novas ações para obter a liquidez necessária para subsistir. Já em dezembro de 2020, a McLaren vendeu a maioria das ações da sua equipa da F1 a um consórcio de investidores norte-americanos, numa transição que rondou os 611 milhões de euros. Apesar da situação ter melhorado este ano, com os lucros a duplicarem na primeira metade de 2021, a demissão do CEO Mike Flewitt no mês passado, após oito anos no cargo, poderá não ser um bom indicador. Por ventura, o plano do gestor Track25, que previa o lançamento de 18 novos modelos no espaço de seis anos, além de um portefólio 100% elétrico até 2026, poderá não ter qualquer seguimento. No início de outubro, o grupo McLaren nomeou dois antigos gestores do grupo VW para gerir de forma interina os destinos do emblema britânico: Michael Macht (antigo CEO da Porsche), que ficou responsável pela gestão técnica e operacional, e Stefan Jacoby (que também já passou pela GM e Mitsubishi).

Parte importante na mudança de mãos da McLaren passa pelo fundo de investimento Mumtalakat, sediado no Bahrain, que detém 42% da marca. Alegadamente, os donos desse fundo terão a primeira reunião com a BMW no início de dezembro. Recorde-se que a ligação da McLaren com a BMW remonta para o supercarro F1 lançado na década de 1990. Há alguns anos a esta parte chegou a falar-se de um projeto entre as duas marcas para um supercarro da marca de Munique, que, no entanto, nunca avançou. Esta compra da McLaren por parte da BMW seria importante para revitalizar o portefólio de desportivos da marca alemã – é bom lembrar que o Z4 só foi possível devido à joint venture com a Toyota. A marca bávara teria assim acesso a tecnologia para criar modelos de motor central dignos de medir força com super e hipercarros da Aston Martin, Porsche ou Lamborghini, entre outros. Resta saber se a BMW estará também interessada num regresso à F1, da qual se retirou em 2009. Alegadamente, a equipa da McLaren vale cerca de 1,2 milhões de euros. Um porta-voz da BMW disse à Reuters que este interesse na McLaren é falso. Já a Audi limitou-se a referir que está a estudar várias hipóteses de parceria, mas não quis comentar acerca do caso concreto da marca britânica.

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