Vinte anos de paixão

2020 - Kia GT CUP

O desafio de correr contra o cronómetro em todo o tipo de carros.

A ligação entre o Gonçalo Inácio e a autoDRIVE começou quando os seus amigos nos contactaram para contarem, nas nossas páginas, a história de uma despedida de solteiro diferente, uma despedida típica de uma fraternidade de petrolheads: participarem nas 24 Horas de Rockingham de 2018 com os Citroën C1. De resto, essa equipa de “padrinhos” do Gonçalo Inácio iria formar a estrutura que hoje organiza o troféu C1 Learn and Drive em Portugal.

Mas o vício pelo desporto motorizado surgiu muito mais cedo, ainda em criança quando, desde muito pequeno, acompanhava o Pai, Carlos Inácio, também piloto, nas provas que este disputava: Campeonato de Iniciados (Ford Sierra Cosworth e Renault 5GT Turbo); Troféu Renault Clio; Troféu AX GTI; Campeonato Todo o Terreno; Troféu Terrano II e Campeonato Nacional de Montanha, entre outros.

Com esta proximidade pelas emoções, pelo cheiro a gasolina queimada e borracha derretida, a paixão pelo desporto automóvel era inevitável pois, nesta função de ir apoiar o pai o Gonçalo acabava por estar sempre com a equipa de assistência (Luis Moutinho Competição), estando assim incluído nas tarefas mais simples, como o constantemente limpar dos carros, e com acesso facilitado a outros pilotos, dos quais se destacam Mário Silva, Hermano Sobral, João Pina Cardoso e Bento Amaral, com quem acabou por estabelecer amizade.

Assim sendo, mal se apanhou com a carta de condução, o Datsun 1200 ex troféu que lá estava por casa foi o companheiro das primeiras participações desportivas. Numa atitude pedagógica, o pai emprestou o carro dizendo: “Tens aqui o carro, agora arranja os apoios para pagares as despesas todas”. Reunidos os apoios necessários, a aventura de piloto do Gonçalo Inácio começou na Rampa da Arrábida de 2002.

Depois já não havia como voltar atrás, e o próximo passo foi aprender o quanto custa reunir os apoios e os patrocinadores necessários para competir. De resto, esta é a parte complicada, sobretudo para quem se inicia sem ter acesso a posses financeiras avultadas. Ainda assim, ter um pai e conhecimentos no meio ajuda (muito), pelo que o Gonçalo lá foi conseguindo realizar umas provas esporádicas, sendo o Desafio FEUP com os Fiat Uno 45S o primeiro campeonato que viria a realizar com mais assiduidade. Tendo como companheiro de equipa o grande amigo e Padrinho de casamento Duarte Aguiar, ficaram demonstrados o talento e vontade para uma evolução na carreira.

E por falar em carreira, ao longo dos vinte anos de atividade automobilística desportiva do Gonçalo Inácio, um dos destaques é a quantidade de carros diversos que pilotou, bem como a naturalidade com que encarou voltar a carros mais baratos e de menor performance (adaptando assim a sua paixão à realidade dos orçamentos disponíveis e às oportunidades que iam surgindo), isto mesmo após ter pilotado em algumas das mais rápidas categorias da velocidade nacional, indo (e bem) contra o patético elitismo do nosso desporto automóvel, onde é considerado normal alguém sem qualquer passado de competição comprar um R5 e ir logo fazer o nacional de ralis…

Por fim, aqui fica o resumo das épocas completas realizadas (feito pelo próprio Gonçalo Inácio), com um saldo de três títulos de campeão e seis vice-campeonatos nas diversas categorias e troféus em que participou.

2011

Este foi o primeiro ano em que, finalmente, consegui angariar os apoios necessários para realizar um campeonato completo e logo num carro que tinha enorme potencial, o Seat Leon Supercopa. Integrado no Campeonato Nacional de GT´S e Turismos, fazendo dupla com o Gonçalo Araújo, conseguimos ser Vice-Campeões da categoria de Turismos. Um resultado muito positivo para este meu primeiro ano de competição “a sério”.

2012 e 2013

O resultado de 2011 permitiu dar o “salto” para os ainda mais rápidos Sport-Protótipos. Em 2012 pilotei um Radical SR3, novamente em dupla com o Gonçalo Araújo, e conseguimos vencer a Taça Ibérica de Sport-Protótipos. Em 2013 fiz dupla com César Machado na Taça de Portugal de Sport-Protótipos ao volante de um Norma M20F. Estivemos sempre entre os mais rápidos e na discussão dos primeiros lugares, mas apenas conseguimos atingir o Vice-Campeonato.

2014 e 2015

Em 2014 e 2015 passei para os monolugares, aproveitando o facto de se terem voltado a organizar boas competições com este tipo de carros. O resultado foram mais dois Vice-Campeonatos nesses dois anos na Single Seater Series, tripulando em 2014 um fórmula Ford Ray 04 (da equipa Araújo Competição) e em 2015 um Mygale 02 (da equipa CRM Motorsport). Foram dois anos deveras competitivos onde evolui bastante como piloto, tendo disputas muitos aguerridas em pista, principalmente em 2014 com o Tiago Raposo Magalhães e em 2015 com o meu ex-companheiro de equipa, César Machado. Apesar de não ter conseguido em ambos os anos o desejado título de campeão, consegui vencer em 2014 no mítico Circuito Internacional de Vila Real, vitória esta muito significante para mim, não fosse este o meu circuito preferido.

2016

Em 2016 mudei de modalidade, passando a fazer parte do pelotão do Challenge DS3 R1 (organizado pela Inside Motor) nos ralis do nacional. Foi uma oportunidade que surgiu através do convite de um piloto de renome nacional e de um grande amigo, Bernardo Sousa, integrando assim a estrutura BS Motorsport. Foi um ano de aprendizagem, mas, ao mesmo tempo, também um ano onde consegui lutar pelas vitórias em alguns ralis, tendo mesmo conseguido a vitória no último rali da época, o Rali Casinos do Algarve. Fiquei em 4º lugar no final do campeonato, mas foi, sem dúvida alguma, um ano que jamais esquecerei; nem que seja pelos ensinamentos que me deram os dois experientes navegadores que me acompanharam ao longo da época, o sério Paulo Fiúza e o brincalhão Rui Raimundo: “Acredita que vai dar!”

2017

Em 2017, e depois de ter anunciado o fim de “carreira”, recebi um convite por parte do Paulo Macedo para voltar ao panorama de Velocidade Nacional e ingressar no Super Seven by Kia a bordo do rápido, desafiante e divertido Caterham 420R. Conseguimos resultados bastante interessantes, tendo mesmo vencido duas provas, sendo uma delas o Circuito Internacional de Vila Real. O título não foi conquistado devido a um erro meu, que tive um acidente na última corrida do campeonato e só deu para o Vice-Campeonato. Mais um…

2020 e 2021

… E ainda outro, mas também um novo título. Após estar ausente em participações completas em campeonatos em 2018 e 2019, nos anos de 2020 e 2021 consegui voltar a angariar os apoios necessários (até uma parceria de piloto autoDRIVE) para disputar a totalidade do campeonato KIA GT Cup. Se no primeiro ano (2020), tendo a assistência da Martinho Sport, consegui um novo Vice-Campeonato, já no segundo ano (2021), integrado na estrutura técnica da Speedy Motorsport do Pedro Salvador, consegui o título de Campeão, vencendo 7 das 8 provas que constituíam o calendário desse ano.

2022

De novo campeão! Desta vez no novo troféu Civic Atomic Cup aos comandos de um Honda Civic Type R EP3, um campeonato organizado pela Motorsponsor; o Civic EP3 é um carro muito fiável e que representa uma boa evolução para quem, por exemplo, venha dos Citroën C1. O campeonato é constituído por 5 fins-de-semana, cada um com duas corridas, realizando eu uma corrida por fim-de-semana e o Eduardo Leitão outra. A caminho do título venci 4 corridas à geral e 5 na classe Pro, incluindo Vila Real. Venha 2023 com novos projetos…

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