Renault vai eliminar 15 mil postos de trabalho

Grupo Renault anunciou cortes

Objetivo do construtor francês é reduzir mais de 2 mil milhões de euros de custos fixos nos próximos três anos.

Um dia depois de a companheira de aliança Nissan ter anunciado medidas drásticas de redução de custos, a Renault apresentou hoje o seu plano de reestruturação. O objetivo do construtor francês é reduzir os custos fixos na ordem dos 20% e assim poupar mais de 2 mil milhões de euros no decurso dos próximos três anos. Para o efeito, a Renault irá gradualmente eliminar quase 4600 postos de trabalho em França e mais de 10 mil no resto do globo. Estas medidas de “downsizing” implicarão ainda uma redução do volume de produção anual de 4 milhões de unidades em 2019 para 3,3 milhões em 2024. Ao todo, a redução de efetivos será de 8%. A Renault ressalva que dará preferência a medidas de reconversão, mobilidade interna e saídas voluntárias, de modo a evitar despedimentos.

A juntar a isso, a Renault anunciou a simplificação do design e desenvolvimento de modelos, trabalhando em estreita colaboração com os parceiros de aliança Nissan e Mitsubishi, sem, no entanto, recorrer ao “badge engineering”. Nesse sentido, uma das possibilidades é a transição da produção dos SUV da marca francesa para a fábrica da Nissan em Sunderland (no Reino Unido). Além do mais, o plano do aumento de capacidade de produção em Marrocos e Roménia foram suspensos, a adaptação das capacidades de produção na Rússia está em análise e a produção de caixas de velocidades no resto do mundo será racionalizada. Resta saber se esta última medida afetará a produção na fábrica da Renault em Cacia. A marca vai também reorganizar a fabrica de Flins, onde são feitos o elétrico Zoe e o Nissan Micra. O centro de pesquisa e desenvolvimento em Guyancourt também será alvo de medidas com vista à otimização de custos. As fábricas de Douai e Maubeuge focar-se-ão em modelos elétricos e comerciais. A Renault confirmou ainda que abandonará a joint venture que tem na China. Apesar destes cortes, o programa de Fórmula 1 continuará no ativo. Só na maior eficiência no processo de produção e nos cortes no desenvolvimento a Renault estima poupar 800 milhões de euros e na redução dos custos administrativos deverá poupar 700 milhões.

Para já, a Renault não se pronunciou acerca de possíveis modelos a sair de cena. Contudo, um dos modelos com continuidade em suspenso durante este período de reestruturação é o Alpine A110, cuja fábrica onde é produzido será reconvertida em breve. Este cenário coloca, inclusivamente, o futuro da marca Alpine em xeque. Outras vítimas no final do atual ciclo de produção deverão ser o Scénic, Espace e Talisman.

Já antes da pandemia, a Renault tinha começado o ano com o anúncio de perdas financeiras – a primeira vez que isso acontece numa década. O plano de reestruturação da gama só será divulgado depois do novo responsável executivo Luca de Meo (ex-Seat) assumir funções em julho.

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